
Imaginem uma pastelaria. Melhor: um salão de chá (é mais chique e só pelo nome se vê que está reservado à fatia mais idosa da nossa sociedade; corrigo (!), à fatia com mais experiência e dita sabedoria e requinte da nossa sociedade...). Agora imaginem corpos débeis, desde obesos a raquiticos, encurvados, deformados, reformados mas, (!) com o seu belo vison por cima e mais encharpes de seda com as luvas de cabedal a condizer e, a completar a toillete, o acessório vital, essencial, crucial para se puder falar chique: a bela da cabeleira, real amontoado de fios capilares entrelaçados pela laca mais rasca e mais barata do cabeleireiro onde deixam a dita volumosa reforma; um autêntico capacete que permite a entrada neste clube.
Bem, nada de muito admirável se eu omitisse o local de tal salão, de tal disparate social, de tal pobreza de espírito. Imaginem, tudo isto, em pleno centro de Viseu. Imaginem-se a ver este desfilar de personagens num filme sem som e, de repente, ouvir todos os disparates possíveis engrandecidos pela peculiar pronúncia do interior do pobre (empobrecido) Portugal.